Só Desportos

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A BOLA AGORA ESTÁ DO LADO DO FUTEBOL PORTUGUÊS (ARTIGO DE JOSÉ MANUEL DELGADO)

A BOLA AGORA ESTÁ DO LADO DO FUTEBOL PORTUGUÊS (ARTIGO DE JOSÉ MANUEL DELGADO)



O Governo abriu as portas da sobrevivência ao futebol, cabe agora ao futebol, naquilo que pode controlar, estar à altura de circunstâncias únicas na história do jogo.


Sejamos absolutamente claros: aqui chegados, nenhuma solução é boa, apenas há que optar pela menos má. E essa vai obrigar a que, nesta fase, seja posta em prática a política de salvar os dedos, mesmo que os anéis se vão.


Parece pacífico que, nesta fase de levantamento faseado do confinamento, quanto menos atividade houver, melhor. Aplicando isto ao desporto, e decidido que por questões sanitárias e também, há que assumi-lo, financeiras, as modalidades de pavilhão não vão concluir a época, restará às modalidades ao ar livre encontrar fórmulas de retoma. Umas serão mais fáceis de implementar – por exemplo no golfe, ou no ténis – para outras, como é o caso de futebol, os cuidados a tomar são, para já, incompatíveis com realidades fora do alto profissionalismo. E é por aí que é encontrada a explicação para o facto de haver, entre nós, viabilidade para realizar os 90 jogos da I Liga e não haver a mesma disponibilidade para os que faltam à II Liga. Mas ambas fazem parte do calendário profissional, poder-se-á argumentar. É verdade, mas enquanto a I Liga é uma competição com algum grau de viabilidade (melhor e mais sustentável seria se em vez de 18 tivesse 12 equipas, mas essas são contas de outro Rosário), a II Liga é uma ficção de profissionalismo, com receitas absolutamente indescritíveis.

Repare-se neste facto: dos 70 milhões de euros que ainda estão por atribuir ao futebol profissional, até ao fim da época, pelos operadores televisivos, 68 respeitam à I Liga e apenas dois ao escalão secundário. Não é preciso fazer muitas contas para concluir que é impossível montar para a II Liga uma operação como aquela que está em preparação para a divisão principal. Será encontrada uma fórmula de subidas e descidas – e neste particular nenhuma decisão será consensual, como estamos a ver pelos exemplos holandês e francês, mas é o que é e não me parece que haja alguma volta melhor a dar.

E quanto à I Liga, ultrapassada a fase da estratégia, que criou condições para que o Governo desse luz verde à competição a partir de junho, haverá que ser competente na elaboração da tática e rigoroso na sua aplicação. Só com um plano de jogo bem urdido, que deve prever alguns solavancos ao longo de um mês de maio que será de desconfinamento faseado, o que muito provavelmente vai ter impacto na subida da parcela das novas infeções, será possível levar esta empreitada a bom porto. E mesmo na planificação da temporada de 2020/21 deverá ser considerada a possibilidade de haver necessidade de uma paragem invernal, caso, como vários especialistas dizem
– ainda ontem foi o norte-americano Anthony Fauci a considerá-la inevitável
– houver uma segunda vaga da Covid-19.


Para já, enquanto que Holanda e França deram por terminadas as competições e o ministro italiano do Desporto (ao contrário do titular da Saúde e do Primeiro-Ministro) quer ir pelo mesmo caminho, Portugal alinha pelo diapasão da Alemanha (e da Espanha e Inglaterra, creio…) e tem um roteiro para entrar, a partir de junho, numa nova normalidade. O que é uma notícia fantástica, cujo alcance, se calhar, a maioria dos observadores não está a atingir…

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